A
Bíblia diz: Se te
mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena (Pv 24.10).
Segundo, o teste da prosperidade. A integridade muitas vezes
é forjada na bigorna da prosperidade. Dizem as
Escrituras: Como o crisol prova a prata, e o forno, 0 ouro, assim, o
homem é provado pelos louvores que recebe (Pv 27.21). Mais pessoas têm caído por
causa da fama do que por causa da calamidade. Muitos homens que suportaram com
heroísmo o sofrimento fracassaram quando ficaram debaixo dos holofotes da fama.
Daniel
saiu vitorioso tanto do vale do sofrimento como do apogeu da fama. Ele
enfrentou vitoriosamente tanto a dor do desterro como o sucesso da carreira política.
Permaneceu íntegro no recesso da solidão e também no palco da popularidade.
O
profeta Daniel passou por esses dois testes e revelou-se um homem íntegro. Sua
vida constitui-se num exemplo clássico de integridade. Seu exemplo ainda inspira
muitas pessoas a buscarem uma vida íntegra. Daniel não foi um produto do meio.
Ele teve coragem para ser diferente. Ele não se corrompeu. Manteve sua postura
irrepreensível quer nos dias de adversidade quer no tempo da prosperidade. Ele
foi fiel a despeito das suas qualidades pessoais. Foi fiel a despeito das
colossais oportunidades recebidas e foi fiel a despeito da pressão sofrida. Nesse
mar lodacento de corrupção, Daniel é um exemplo digno de ser imitado.
Daniel na cova dos leões. |
Vejamos algumas marcas desse
homem de Deus:
1)
Em
primeiro lugar, Daniel possuía um espírito excelente no meio de uma geração
corrompida (Dn
6.3). Em virtude da sua fidelidade a Deus, o Senhor
o fez mais sábio do que todos os magos da Babilônia (Dn 1.19,20); ele tinha
discernimento das coisas espirituais (Dn 2.5); era ousado para dizer a verdade,
mesmo que fosse para confrontar o pecado do próprio rei (Dn 5.17-30); o rei
Dario tinha consciência de que ele era servo do Deus vivo (Dn 6.20); sua
postura era de fidelidade a Deus e lealdade ao rei (Dn 6.22).
Há muitos homens que galgam os postos mais elevados, mas não têm
um espírito excelente. Chegam ao topo da fama, mas trafegam por caminhos sinuosos
para chegar a esse topo. Conquistam riquezas, mas transigem com a consciência e
aviltam a ética para granjear essas fortunas. São condecorados com muitas
medalhas de honra ao mérito, mas tripudiam os fracos para conquistar essas
insígnias. A maior glória de um homem não é seu dinheiro nem sua fama, mas seu
caráter. É melhor ter um bom nome do que muitas riquezas. É melhor ter um
espírito excelente do que muitos diplomas. É melhor ser reconhecido no céu do
que ser aplaudido na terra.
2)
Em segundo lugar, Daniel era íntegro no meio da
corrupção (Dn 6.5). Daniel foi
nomeado pelo rei Dario para ocupar um alto posto político. O objetivo do rei
era coibir a corrupção galopante que campeava em todo o reino. Sua vida
irrepreensível e sem mácula, seu caráter incorrupto e honesto, sua
administração eficiente e vitoriosa suscitaram a inveja de seus companheiros
(Dn 6.3). Astuciosamente, eles orquestraram contra Daniel. A justiça incomoda
os corruptos. A verdade é intolerável para os que maquinam o mal (Dn 6.4). Investigaram
a vida de Daniel. Fizeram uma devassa em sua vida pública e privada (Dn 6.4).
Mas chegaram à conclusão de que Daniel era um homem íntegro. Sua inocência foi
constatada (Dn 6.4,5).
Você suportaria uma
investigação meticulosa em sua vida pessoal e pública? Daniel suportou e saiu
aprovado. A corrupção é um mal crônico no Brasil. A classe mais desacreditada
em nossa nação é a classe política. Muitos políticos inescrupulosos se
empoleiram no poder para se abastecer das riquezas da nação, em vez de servir à
nação. São exploradores do povo, em vez de servidores do povo. Como ratazanas
esfaimadas, mordem com voracidade o erário público, que deveria ser destinado a
construir o progresso da nação.
Desviam para suas
polpudas contas nos paraísos fiscais os recursos que deveriam construir
hospitais e levantar escolas. A corrupção é endêmica. Alastra- se como um
rastilho de pólvora. Infiltra-se como um gás venenoso pelas frestas do poder.
Atinge o coração da nação e enfraquece a fibra moral do nosso povo. Nesse meio
tão fermentado pela corrupção, precisamos buscar modelos dignos de serem
imitados. Daniel foi um político impoluto e sem jaça. Um homem incorruptível e
insubornável. Daniel foi um estandarte que ainda tremula na história, um homem
de bem, um líder de escol, um homem singular.
3)
Em
terceiro lugar, Daniel foi perseguido por ser íntegro no meio de uma
geração decadente (Dn
6.4-7). Seus companheiros de trabalho tramaram
astuciosamente contra ele (Dn 6.4). Usaram a arma da orquestração vil para
incriminar Daniel (Dn 6.6). Lançaram mão de uma mentira para incluir Daniel no
rol dos bajuladores (Dn 6.7). Inflaram o ego do rei, bajulando-o, apenas para
colocar um laço de morte nos pés de Daniel (Dn 6.7). O rei assinou um decreto
movido pela vaidade, mas sem discernir a intenção real que estava por trás da
bajulação de seus homens de confiança. Mas Daniel mantém sua fidelidade a Deus
mesmo sabendo que seria jogado na cova dos leões. Seus inimigos o acusam (Dn
6.13) e pressionam o rei a cumprir a lei que sancionara (Dn 6.14-17), com o
objetivo único de tirar Daniel do seu caminho. A virtude dos bons é um risco
severo à corrupção dos maus.
O que incomodava os políticos esfaimados pelo lucro desonesto no
império medo-persa era a probidade administrativa de Daniel. Homens que não se
vendem são um sério obstáculo aos interesses mesquinhos e criminosos dos
aproveitadores de plantão. Para afastar esses ícones da honestidade de seu
caminho, os perversos lançam mão de estratégias covardes. Tornam-se peritos na
adulação hipócrita e na mentira perversa. Sua desfaçatez não tem limites.
Prostram-se diante daqueles que são famintos de reconhecimento, não para lhes
prestar sincera homenagem, mas apenas para alcançar seus objetivos nefastos.
Foi isso o que fizeram com Daniel. Encheram o rei Dario de rasgados elogios,
apenas para lhe armar um laço para os pés e apanhar com esse laço Daniel. Os
inimigos de Daniel estavam convencidos de que não havia nenhuma brecha em sua
vida, nenhum flanco aberto, nenhuma inconsistência em sua conduta. Já que não
puderam encontrar nele qualquer delito, resolveram matá-lo por causa de suas
virtudes.
4)
Em
quarto lugar, Daniel orou mesmo sabendo que este era o caminho do seu
martírio (Dn
6.10,11). Daniel tinha uma vida abundante e
sistemática de oração (Dn 6.10). Mesmo sendo um homem muito ocupado, Deus era a
prioridade da sua vida. Ele não alterou a sua vida devocional por causa da
perseguição (Dn 6.10). Em vez de capitular ao desespero na iminência da morte,
deu graças a Deus com toda serenidade. Ele temia a Deus, por isso não tinha
medo dos homens. O único político íntegro do reino foi jogado na cova dos
leões.
Hoje escasseiam os líderes que têm intimidade com Deus, e
multiplicam-se aqueles que se julgam autossuficientes. Poucos homens públicos
são homens de oração. Poucos conhecem a intimidade do altar. Daniel não se
iludiu com o glamour do
poder a ponto de perder a intimidade do altar. Sua maior prioridade não era
buscar fama na terra, mas ser amado no céu. Seu objetivo de vida não era
construir monumentos para si na história, mas dar glória e honra ao Deus que
dirige a história. Daniel orou nos momentos mais cruciais da sua vida. Orou
quando era jovem e orou quando estava velho. Orou em secreto e também em
lugares públicos. Orou sozinho e orou com seus amigos. Orou quando era escravo
e depois que chegou ao poder. Orou para buscar sabedoria para viver e orou
quando estava na iminência de morrer. Não teremos políticos que possam
influenciar positivamente a nação a não ser que tenhamos líderes que conheçam a
Deus. As autoridades constituídas precisam entender sua vocação. Aqueles que
são escolhidos pelo povo para governar o povo são ministros de Deus para
promover o bem e coibir o mal. Eles recebem o mandato por meio do povo, mas
exercem o poder em nome de Deus e da parte de Deus. Um governante que zomba de
Deus e escarnece de seus princípios tornase um pesadelo para o povo.
5)
Em quinto lugar, Daniel foi protegido por Deus no meio
dos leões ferozes (Dn 6.22,23). Deus não o
livrou da perseguição, mas livrou-o da morte. Deus não o livrou dos problemas,
mas nos problemas. Deus não o livrou da presença dos leões, mas fechou a boca
dos leões. O rei, ao ver a mão de Deus com ele, o tirou da cova dos leões e
lançou lá aqueles que haviam conspirado contra a sua vida. Daniel permaneceu
íntegro durante toda a sua vida. Ele começou bem e terminou bem. Foi íntegro na
juventude e íntegro na velhice. íntegro na adversidade e íntegro na
prosperidade. Por isso, através do seu testemunho, todo o império medo- persa
foi impactado pela proclamação de que o seu Deus é o único Deus verdadeiro.
Daniel foi um líder de proa tanto na Babilônia como no reino medo-persa. Ele
atravessou incólume a turbulência da Babilônia e sua queda e influenciou de
forma decisiva o novo império mundial. Daniel permaneceu imperturbavelmente firme
diante das mais barulhentas tempestades da história, porque estava firmado na
Rocha que não se abala. Seu caráter impoluto direcionou-lhe os passos na crise,
e a verdade divina alumiou-lhe o caminho, conduzindo-o em triunfo.
Fonte:
Extraido do livro: Com Jesus na escola da vida.
Hernandes Dias Lopes
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