sábado, 20 de setembro de 2014

DANIEL, ÀS MARCAS DE UM HOMEM INTEGRO:

A maior crise que a sociedade atravessa é a crise de integridade. Ela tem estado ausente nos palácios, nas casas de leis, nos tribunais, nas igrejas, nas escolas e nas famílias. A integridade precisa passar por dois testes: Primeiro, o teste da adversidade. Você permanece íntegro quando enfrenta problemas, calamidades, perdas, perseguições, injustiça, calúnia e humilhações?
A Bíblia diz: Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena (Pv 24.10). Segundo, o teste da prosperidade. A integridade muitas vezes é forjada na bigorna da prosperidade. Dizem as Escrituras: Como o crisol prova a prata, e o forno, 0 ouro, assim, o homem é provado pelos louvores que recebe (Pv 27.21). Mais pessoas têm caído por causa da fama do que por causa da calamidade. Muitos homens que suportaram com heroísmo o sofrimento fracassaram quando ficaram debaixo dos holofotes da fama.

Daniel saiu vitorioso tanto do vale do sofrimento como do apogeu da fama. Ele enfrentou vitoriosamente tanto a dor do desterro como o sucesso da carreira política. Permaneceu íntegro no recesso da solidão e também no palco da popularidade.

O profeta Daniel passou por esses dois testes e revelou-se um homem íntegro. Sua vida constitui-se num exemplo clássico de integridade. Seu exemplo ainda inspira muitas pessoas a buscarem uma vida íntegra. Daniel não foi um produto do meio. Ele teve coragem para ser diferente. Ele não se corrompeu. Manteve sua postura irrepreensível quer nos dias de adversidade quer no tempo da prosperidade. Ele foi fiel a despeito das suas qualidades pessoais. Foi fiel a despeito das colossais oportunidades recebidas e foi fiel a despeito da pressão sofrida. Nesse mar lodacento de corrupção, Daniel é um exemplo digno de ser imitado.
Daniel na cova dos leões.
Vejamos algumas marcas desse homem de Deus:


1)    Em primeiro lugar, Daniel possuía um espírito excelente no meio de uma geração corrompida (Dn 6.3). Em virtude da sua fidelidade a Deus, o Senhor o fez mais sábio do que todos os magos da Babilônia (Dn 1.19,20); ele tinha discernimento das coisas espirituais (Dn 2.5); era ousado para dizer a verdade, mesmo que fosse para confrontar o pecado do próprio rei (Dn 5.17-30); o rei Dario tinha consciência de que ele era servo do Deus vivo (Dn 6.20); sua postura era de fidelidade a Deus e lealdade ao rei (Dn 6.22).


Há muitos homens que galgam os postos mais elevados, mas não têm um espírito excelente. Chegam ao topo da fama, mas trafegam por caminhos sinuosos para chegar a esse topo. Conquistam riquezas, mas transigem com a consciência e aviltam a ética para granjear essas fortunas. São condecorados com muitas medalhas de honra ao mérito, mas tripudiam os fracos para conquistar essas insígnias. A maior glória de um homem não é seu dinheiro nem sua fama, mas seu caráter. É melhor ter um bom nome do que muitas riquezas. É melhor ter um espírito excelente do que muitos diplomas. É melhor ser reconhecido no céu do que ser aplaudido na terra.


2)    Em segundo lugar, Daniel era íntegro no meio da corrupção (Dn 6.5). Daniel foi nomeado pelo rei Dario para ocupar um alto posto político. O objetivo do rei era coibir a corrupção galopante que campeava em todo o reino. Sua vida irrepreensível e sem mácula, seu caráter incorrupto e honesto, sua administração eficiente e vitoriosa suscitaram a inveja de seus companheiros (Dn 6.3). Astuciosamente, eles orquestraram contra Daniel. A justiça incomoda os corruptos. A verdade é intolerável para os que maquinam o mal (Dn 6.4). Investigaram a vida de Daniel. Fizeram uma devassa em sua vida pública e privada (Dn 6.4). Mas chegaram à conclusão de que Daniel era um homem íntegro. Sua inocência foi constatada (Dn 6.4,5).

 
Você suportaria uma investigação meticulosa em sua vida pessoal e pública? Daniel suportou e saiu aprovado. A corrupção é um mal crônico no Brasil. A classe mais desacreditada em nossa nação é a classe política. Muitos políticos inescrupulosos se empoleiram no poder para se abastecer das riquezas da nação, em vez de servir à nação. São exploradores do povo, em vez de servidores do povo. Como ratazanas esfaimadas, mordem com voracidade o erário público, que deveria ser destinado a construir o progresso da nação.

 
Desviam para suas polpudas contas nos paraísos fiscais os recursos que deveriam construir hospitais e levantar escolas. A corrupção é endêmica. Alastra- se como um rastilho de pólvora. Infiltra-se como um gás venenoso pelas frestas do poder. Atinge o coração da nação e enfraquece a fibra moral do nosso povo. Nesse meio tão fermentado pela corrupção, precisamos buscar modelos dignos de serem imitados. Daniel foi um político impoluto e sem jaça. Um homem incorruptível e insubornável. Daniel foi um estandarte que ainda tremula na história, um homem de bem, um líder de escol, um homem singular.

 
3)    Em terceiro lugar, Daniel foi perseguido por ser íntegro no meio de uma geração decadente (Dn 6.4-7). Seus companheiros de trabalho tramaram astuciosamente contra ele (Dn 6.4). Usaram a arma da orquestração vil para incriminar Daniel (Dn 6.6). Lançaram mão de uma mentira para incluir Daniel no rol dos bajuladores (Dn 6.7). Inflaram o ego do rei, bajulando-o, apenas para colocar um laço de morte nos pés de Daniel (Dn 6.7). O rei assinou um decreto movido pela vaidade, mas sem discernir a intenção real que estava por trás da bajulação de seus homens de confiança. Mas Daniel mantém sua fidelidade a Deus mesmo sabendo que seria jogado na cova dos leões. Seus inimigos o acusam (Dn 6.13) e pressionam o rei a cumprir a lei que sancionara (Dn 6.14-17), com o objetivo único de tirar Daniel do seu caminho. A virtude dos bons é um risco severo à corrupção dos maus.

 
O que incomodava os políticos esfaimados pelo lucro desonesto no império medo-persa era a probidade administrativa de Daniel. Homens que não se vendem são um sério obstáculo aos interesses mesquinhos e criminosos dos aproveitadores de plantão. Para afastar esses ícones da honestidade de seu caminho, os perversos lançam mão de estratégias covardes. Tornam-se peritos na adulação hipócrita e na mentira perversa. Sua desfaçatez não tem limites. Prostram-se diante daqueles que são famintos de reconhecimento, não para lhes prestar sincera homenagem, mas apenas para alcançar seus objetivos nefastos. Foi isso o que fizeram com Daniel. Encheram o rei Dario de rasgados elogios, apenas para lhe armar um laço para os pés e apanhar com esse laço Daniel. Os inimigos de Daniel estavam convencidos de que não havia nenhuma brecha em sua vida, nenhum flanco aberto, nenhuma inconsistência em sua conduta. Já que não puderam encontrar nele qualquer delito, resolveram matá-lo por causa de suas virtudes.

 
4)    Em quarto lugar, Daniel orou mesmo sabendo que este era o caminho do seu martírio (Dn 6.10,11). Daniel tinha uma vida abundante e sistemática de oração (Dn 6.10). Mesmo sendo um homem muito ocupado, Deus era a prioridade da sua vida. Ele não alterou a sua vida devocional por causa da perseguição (Dn 6.10). Em vez de capitular ao desespero na iminência da morte, deu graças a Deus com toda serenidade. Ele temia a Deus, por isso não tinha medo dos homens. O único político íntegro do reino foi jogado na cova dos leões.

 
Hoje escasseiam os líderes que têm intimidade com Deus, e multiplicam-se aqueles que se julgam autossuficientes. Poucos homens públicos são homens de oração. Poucos conhecem a intimidade do altar. Daniel não se iludiu com o glamour do poder a ponto de perder a intimidade do altar. Sua maior prioridade não era buscar fama na terra, mas ser amado no céu. Seu objetivo de vida não era construir monumentos para si na história, mas dar glória e honra ao Deus que dirige a história. Daniel orou nos momentos mais cruciais da sua vida. Orou quando era jovem e orou quando estava velho. Orou em secreto e também em lugares públicos. Orou sozinho e orou com seus amigos. Orou quando era escravo e depois que chegou ao poder. Orou para buscar sabedoria para viver e orou quando estava na iminência de morrer. Não teremos políticos que possam influenciar positivamente a nação a não ser que tenhamos líderes que conheçam a Deus. As autoridades constituídas precisam entender sua vocação. Aqueles que são escolhidos pelo povo para governar o povo são ministros de Deus para promover o bem e coibir o mal. Eles recebem o mandato por meio do povo, mas exercem o poder em nome de Deus e da parte de Deus. Um governante que zomba de Deus e escarnece de seus princípios tornase um pesadelo para o povo.

 
5)      Em quinto lugar, Daniel foi protegido por Deus no meio dos leões ferozes (Dn 6.22,23). Deus não o livrou da perseguição, mas livrou-o da morte. Deus não o livrou dos problemas, mas nos problemas. Deus não o livrou da presença dos leões, mas fechou a boca dos leões. O rei, ao ver a mão de Deus com ele, o tirou da cova dos leões e lançou lá aqueles que haviam conspirado contra a sua vida. Daniel permaneceu íntegro durante toda a sua vida. Ele começou bem e terminou bem. Foi íntegro na juventude e íntegro na velhice. íntegro na adversidade e íntegro na prosperidade. Por isso, através do seu testemunho, todo o império medo- persa foi impactado pela proclamação de que o seu Deus é o único Deus verdadeiro. Daniel foi um líder de proa tanto na Babilônia como no reino medo-persa. Ele atravessou incólume a turbulência da Babilônia e sua queda e influenciou de forma decisiva o novo império mundial. Daniel permaneceu imperturbavelmente firme diante das mais barulhentas tempestades da história, porque estava firmado na Rocha que não se abala. Seu caráter impoluto direcionou-lhe os passos na crise, e a verdade divina alumiou-lhe o caminho, conduzindo-o em triunfo.
Fonte:
Extraido do livro: Com Jesus na escola da vida.
Hernandes Dias Lopes
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