quarta-feira, 2 de maio de 2012

História da EBD, sua idealização.

Por Francisco Bonato Pereira

Colaborador de OJB


Emma Ginsburg e a EBD

A moderna instituição cristã conhecida como “escola bíblica dominical” teve como seu idealizador o jornalista inglês Robert Raikes (1735-1811). Natural de Gloucester, em 1757, aos 22 anos, sucedeu o pai como editor do Gloucester Journal, periódico voltado para a reforma das prisões. Na época estava ocorrendo na Inglaterra um extraordinário avivamento cristão, com forte ênfase social. Inspirado por outras pessoas, Raikes iniciou uma escola na sua paróquia (1780). Ele ensinava crianças pobres de 6 a 14 anos a ler e escrever e dava-lhes instrução bíblica.

A ideia de Raikes rapidamente se espalhou pelo país. Cinco anos mais tarde (1785), foi organizada em Londres uma sociedade voltada para a criação de Escolas Dominicais. Um ano depois, cerca de 200.000 criança estavam sendo ensinadas em toda a Inglaterra. No princípio os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados Unidos. A Escola Bíblica Dominical foi uma instituição adotada por todas as denominações protestantes e herdeiras da Reforma, inclusive pelos batistas na Europa e na América do Norte e do Brasil. Entreos batistas eram realizados periodicamente Congressos (Convenções) Internacionais. Neves Mesquita, na História dos Batistas em Pernambuco, faz referência a uma Convenção de Escolas Dominicais, a ser realizada em Zurich, Suiça (1915), a que iria comparecer o nosso missionário Harold H. Muirhead.

A escola dominical chegou ao Brasil como as primeiras missões protestantes. A primeira foi organizada pelo casal Robert e Sarah Kalley, em Petrópolis (RJ), a 19 de agosto de 1855. Sarah Kalley era grande entusiasta do movimento na Inglaterra. A primeira escola dominical presbiteriana foi iniciada pelo Rev. Ashbel Green Simonton, em maio de 1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos domingos à tarde, na rua Nova do Ouvidor. Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século XX era o “Dia do rumo à escola dominical”, quando se faziam esforços para trazer convidados à EBD.

Os batistas do Brasil tem na missionária Emma Morton a pioneira da EBD: escritora dos primeiros textos, professora, pedagoga cristã, era uma entusiasta da Escola Dominical e nas igrejas onde ela e o esposo serviram a EBD era uma das primeiras instituições organizadas. Ao chegar ao Brasil e após

aprender a língua, Emma recebeu como uma das primeiras tarefas (1893), escrever as lições da Escola Dominical, que eram publicadas em um boletim editado pelo missionário William Bagby (PEREIRA,Maria Marques. EMMA MORTON GINSBURG, OJB, out 2008): “Emma passou por momentos de desânimos quando, embora sentindo que Deus a chamara para uma missão no Brasil, se sentia pouco útil. Esse era um sentimento que afligia muitos jovens missionários em início de ministério. Ela enfrentou o problema buscando modos de tornar-se útil, passando escrever textos para ensino aos convertidos.

Emma foi uma das primeiras redatoras das lições da Escola Bíblica Dominical. Emma Morton tornou-se uma dedicada professora da Escola Dominical, exercendo seu ministério na IB de Niterói (RJ), onde auxiliava o missionário Ginsburg (1893), que mais tarde se tornou seu esposo: “Salomão Ginsburg trabalhava (...)na IB de Niterói e nesse período cortejou a jovem Emma Morton. Casados os Ginsburg foram residir em Niterói (RJ), seu campo de trabalho, onde ele cuidava do rebanho e evangelizava a cidade, enquanto ela se dedicava ao ensino de classes de estudos, inclusive na Escola Bíblica Dominical” (PEREIRA, Maria Marques. EMMA MORTON GINSBURG, OJB, out 2008). Depois de Niterói, Emma Ginsburg ensinou na EBD em Campos, São Fidélis e outras igrejas, fruto do trabalho do casal no Rio de Janeiro.

A Escola Bíblica Dominical entre os Batistas em Pernambuco foi instituída na PIB de Recife, no pastorado do missionário William Edwin Entzminger (1892-1900), onde ele e a esposa Maggie Griffit, doutrinavam os convertidos, ensinando a Bíblia Sagrada, que foi ampliada e dinamizada com a chegada do casal Emma e Salomão Ginsburg (1900-1909). A IB do Cordeiro (a segunda igreja batista no Recife), organizada em 15 de novembro de 1905, pelo casal Ginsburg, no pastorado

Manoel Corinto Paz (1906- 1907) a organizou a Escola Bíblica Dominical, com duas mclasses de adultos e uma de crianças (Ata 09.04.1907) e elegendo seu Superintendente. Assim, todas as Igrejas plantadas por Ginsburg tem sua EBD.

A IB da Torre (a quarta igreja batista do Recife), organizada a 25 de dezembro de 1908, pelo pioneiro Salomão Ginsburg, organizou sua EBD ainda nos primórdios. O Jornal Batista (25.12.1912) registra a reorganização da sua Escola Bíblica Dominical: “Em agosto foi reorganizada a Escola Dominical da Igreja Batista da Torre, tendo dado bons resultados doutrinários em virtude das magníficas lições oferecidas pela Casa Editora (Batista), do Rio de Janeiro”. A Casa Editora era a Casa Publicadora Batista, da Convenção Batista Brasileira, com sede no Rio de Janeiro (RJ), que depois mudou o nome para JUERP e forneceu literatura para as Igrejas Batistas até 2012 (está em processo de liquidação e será substituída pela Editora Convicção), que continuará alimentando as EBDs com a boa literatura.

A EBD, desde o início, tem sido uma instituição presente nas igrejas batistas de Pernambuco, inclusive naquelas plantadas em pleno Sertão, como Arcoverde (1926), Cabrobó (1935) e Serra Talhada (1937) até as quatrocentas igrejas batistas do Estado. Hoje todas as igrejas batistas do Estado e do Brasil tem na EBD seu instrumento de instrução e doutrinamento dos membros e congregados, atingindo mais de 60% do universo de membros e congregados.

Fonte: Jornal Batista Online
Edição 17 de 22/04/2012 Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

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