Estou convencido de que ser pastor
é um bendito privilégio e uma grande responsabilidade. Ser embaixador de Deus e
ministro da reconciliação é a missão mais nobre, mais sublime e mais urgente
que um homem pode exercer na terra. Ser portador de boas novas, pregador do
evangelho, consolador dos aflitos, edificador dos santos e pastor de almas é o
posto de maior honra que um homem pode ocupar na vida. Nenhuma vantagem
financeira deveria desviar-nos dessa empreitada. Nenhuma posição política, por
mais estratégica, deveria nos encantar a ponto de desviar-nos do ministério da
Palavra. Charles Spurgeon dizia para seus alunos: "Meus filhos, se a rainha
da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer país do mundo,
não vos rebaixeis de posto, deixando de ser embaixadores do Rei dos reis e do
Senhor dos senhores".
Estou convencido de que a maior
necessidade que temos na igreja contemporânea é de um grande despertamento
espiritual na vida dos pastores. Se os pastores forem gravetos secos a arder, até
lenha verdade pegará fogo. Concordo com Dwight Moody quando disse que o despertamento
da igreja tem início quando se acende uma fogueira no púlpito. Se por um lado
os obreiros são o principal problema da obra; por outro, eles também são o principal
instrumento para o crescimento da obra.
Precisamos desesperadamente de um
avivamento no púlpito! Precisamos de pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso
pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento
nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus
pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores
que dêem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de
pastores que tenham coragem de dizer "não" quando todos estão dizendo
"sim" e, dizer "sim", quando a maioria diz "não".
Precisamos de pastores que não se
dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso.
Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados
e não de astros ensimesmados. Talvez um dos grandes problemas contemporâneos
seja que temos estrelas demais na constelação da grei evangélica brasileira. Há
pastores que gostam de ser tratados como astros de cinema e como atores de
televisão. É importante que se diga, entretanto, que as estrelas só brilham
onde o sol não está brilhando. Onde o Sol da Justiça brilha, não há espaço para
o homem brilhar. Deus não divide sua glória com ninguém. Somente Jesus deve ser exaltado
na igreja. Toda a glória dada ao homem é glória vazia, é vanglória. O culto à
personalidade é idolatria e uma abominação para o Senhor.
Minha ardente expectativa é que
os pastores sejam os primeiros a acertarem sua vida com Deus, a chorarem entre o
pórtico e o altar e clamarem a Deus por um tempo de restauração. O grande
reavivamento que veio sobre a Igreja Coreana no começo do século vinte foi
resultado do quebrantamento dos pastores.
Chegou o tempo de sermos conhecidos
como homens de Deus como Elias e Eliseu. Chegou o tempo das pessoas serem
informadas que na cidade onde moramos há homens de Deus absolutamente confiáveis
como Samuel. Chegou o tempo das pessoas reconhecerem que a Palavra de Deus na nossa
boca é verdade. Chegou o tempo de sermos homens como Paulo, que pregava com
lágrimas e poder, seja na prisão ou em liberdade, com dinheiro ou passando
privações, na saúde ou quando acicatado pelos espinhos. Chegou o tempo de
sermos pastores como Pedro que não vendia a graça de Deus por dinheiro, não
aceitava ofertas hipócritas e mesmo desprovido de prata e ouro, via o poder de
Deus realizando grandes prodígios por seu intermédio. Chegou o tempo de sermos
pastores como João Batista que estava pronto a perder a vida, mas jamais a
negociar os absolutos de Deus em seu ministério. Chegou o tempo de imitarmos o
grande e supremo pastor das ovelhas, Jesus Cristo, que foi manso e humilde de coração,
amou suas ovelhas até o fim e deu por elas sua própria vida. Que Deus nos dê
pastores segundo o seu coração!
Autor: Hernandes Dias Lopes
Prefácio do Livro: De pastor a pastor
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